Estou aqui para contar o que vi porque testemunhei o assalto da senhora Lucy Enyd, na Rua
Januária, Bairro Floresta, às 17:45 do dia 12 de março em 2006.
Naquele dia, como de costume, comecei a fechar o depósito da Editora em que trabalhava quando vi, do outro lado da rua, uma senhora carregando em seu braço uma bolsa e duas sacolas de plástico.
A rua estava deserta e já ia escurecendo, e D. Lucy descia calmamente.
Depois avistei um rapaz que descia do meu lado da rua. Ele caminhava depressa e parecia aflito.
Percebi que tinha algo errado. Em seguida, ele atravessou a rua em direção a senhora, aumentou o passo, passou por ela e, de repente, voltou rapidamente e agarrou sua bolsa.
Naquele instante ela se desequilibrou e caiu no chão com o rosto voltado para as pedras do muro da casa em frente.
Ele tentou arrancar a bolsa e as sacolas que Lucy carregava, mas elas estavam enroladas em seu punho e não soltavam, ele puxou tanto que acabou arrastando por uns cinco metros no chão o corpo da artista com se fosse um saco de lixo.
Foi tudo tão rápido, tão estranho que eu não acreditava estar vendo aquilo.
A gente fica sem reação! E quando pegou as sacolas, ele olhou para mim, sorriu e saiu correndo!
Um fogo me subiu ao peito e senti vontade de fazer o mesmo com ele.
Corri dentro da Editora para abrir o portão automático, gritei uma colega de trabalho para me ajudar a socorrer aquela senhora.
Dona Lucy ficou no chão se mexendo tentando levantar, toda machucada e com o rosto todo ensangüentado. Cheguei perto dela e a ajudei a se levantar. Tamanha foi brutalidade que ela havia sofrido que poderia até ter fraturado alguma parte do corpo. Saí em direção ao rapaz para ver se encontrava alguns dos pertences da senhora no caminho. Tarde demais!!!
Voltei para o local onde estava dona Lucy e lhe servimos um pouco de água para acalmar. Ela pediu que a levássemos até em casa, porque de lá iria ao hospital com suas irmãs. Mal conseguindo falar disse que sentia muita dor nos joelhos e não conseguiria andar.
Ela morava muito perto dali .
Quando chegamos a porta do prédio avisamos sua irmã. Com a ajuda de um vizinho levaram-na para dentro de casa até avisar os outros familiares e a ambulância chegar.
No Hospital
Dias após fiquei sabendo que dona lucy estava internada.
Um sobrinha dela me localizou na Editora e por telefone conversamos. D. Juliana me agradeceu pelo que havia feito por sua tia e perguntou se poderia ir até a Editora conversar pessoalmente comigo.
Concordei e marcamos no meu horário de almoço por ser mais tranqüilo.
No dia seguinte ela apareceu e conversamos em detalhes. Ela me fez várias perguntas a respeito do caso (horário, onde sua tia estava, onde caiu, como e quando o homem apareceu, a atitude dele, se parecia que ele estava normal ou drogado, se eu havia visto seu rosto e muitas outras perguntas que poderiam ajudar).
Ela me explicou que precisava de um retrato falado do rapaz , uma vez que não foi dado flagrante e a única prova que a família tinha era o boletim de ocorrência (BO). Concordei em ajudar no que fosse preciso.
A Morte de D. Lucy
Alguns dias depois , recebi a notícia do falecimento de dona Lucy, o que muito me entristeceu!
No dia do velório o retrato falado do rapaz ficou pronto.
Divulgamos em toda mídia impressa, distribuímos em vários estabelecimentos próximos ao local do assalto, colamos cartazes em vários postes e distribuímos em muitas ruas do bairro e da cidade.
O assassino
O rapaz estava bem vestido com roupa social, boa aparência e era mulato de cabeça quase raspada.
Tudo isso me abalou muito principalmente porque tive a oportunidade de ver algo tão frio, mas me coloquei e estou a disposição para ajudar a polícia e os familiares de D.Lucy Enyd. Afinal, este assaltante não pode ficar impune.
Até hoje tenho aquela imagem na minha mente...
Temos que unir forças!
Obrigado pela oportunidade.
(TVC) testemunha do caso da restauradora.